Paranaenses que começaram a fazer cookies no quarto de casa vivem 'boom' após viralizarem repetidamente com recheios 'exagerados'

  • 01/12/2025
(Foto: Reprodução)
Conheça a empresa paranaense de cookies que é febre nas redes Quem vê hoje os vídeos viralizados que mostram centenas de pessoas enfileiradas para comprar um doce em Londrina, no norte do Paraná, mal imagina a história de empreendedorismo que existe por trás da Baudelaire Cookies, empresa que começou como um negócio informal em 2018, dentro de um quarto, quando Júnior Broiato e Giovani Tosi ainda eram universitários. Com uma estratégia efetiva de vídeos nas redes sociais, explorando o recheio exagerado dos produtos, a empresa deles "furou a bolha" e passou a ser, além de fonte de renda, atração turística na cidade, que recebe visitantes até de outros estados especialmente interessados em provar os cookies virais, acompanhados nas redes por mais 700 mil pessoas. O sucesso é tanto que, além de influenciar o turismo, o cookie também virou "presente oficial": em agenda recente em Londrina, o governador Ratinho Junior (PSD) ganhou um doce da Baudelaire do prefeito Tiago Amaral (PSD). ✅ Siga o g1 Londrina e região no WhatsApp Cookies com recheios exagerados geram filas de clientes em negócio de Londrina Reprodução Atualmente, a Baudelaire é uma das mais de 723 mil microempresas do Paraná. Antes de chegar nessa categoria, o negócio foi informal no começo, evoluiu para MEI e, com o tempo, alcançou a modalidade em que está hoje, que permite faturamento anual de até R$ 360 mil e até nove funcionários no comércio. O passo a passo seguido pelos amigos há cerca de sete anos, que ao perceberem o potencial do negócio se preocuparam com a formalização, permitiu mais investimento, expansão de equipe e, consequentemente, atração de público – que atualmente tem um ticket médio de R$ 90 por cliente. "Foi naquele momento que a gente falou: temos que começar a pensar num ponto comercial. Temos que dar jeito nisso, porque vai compensar para a gente no futuro", Júnior conta. Atualmente, 15 sabores de cookies são oferecidos, com preços que variam entre R$ 15 e R$ 28,50. Conforme os empresários, mais de quatro mil itens são vendidos por dia. O esforço antes do sucesso Giovani Tosi e Júnior Broiato, proprietários da Baudelaire Arquivo pessoal Júnior e Giovani se conheceram em 2018, na Universidade Estadual do Paraná (Unespar) de Apucarana, enquanto cursavam Letras Português e Inglês, respectivamente. Sem nem pensar em fazer um negócio, os dois resolveram testar uma receita de cookie que viram na internet. "A gente viu a foto de um cookie bem bonito, gordinho assim, e ficamos morrendo de vontade de experimentar", lembra Júnior . A primeira tentativa de fazer o doce não deu certo. A segunda, com uma receita traduzida do inglês, quase ficou boa. Persistiram na tão sonhada sobremesa e chegaram a um resultado que chamou a atenção de uma amiga, que ficou com vontade de experimentar ao ver as fotos compartilhadas em uma rede social. Eles ainda não sabiam, mas era a sinalização de que o negócio estava por vir. Fornada de cookies antes de ir para a vitrine da Baudelaire. Bruna Melo/g1 Paraná Mais histórias do Paraná: 3 mil km de viagem e sem ar-condicionado: Casal vai do PR ao AM de Corcel Depois do tornado: Foto de família é encontrada a 220 km de distância Um ano depois, em 2019, os dois se viram em um cenário que precisavam fazer uma renda extra. Começaram a vender, no intervalo da faculdade, bolos e geladinhos, mas não faziam tanto sucesso quanto os cookies que também estavam no cardápio. A preferência da clientela e a propaganda boca a boca foram tão intensas que Júnior e Giovani começaram a faltar às aulas para entregar os produtos. Ao mesmo tempo, ganharam um freezer emprestado para aumentar a produção, mas problema é que eles tinham espaço para guardar o eletrodoméstico, por isso, o jeito foi posicioná-lo ao lado da cama de um deles. “Aí toda vez que ele ligava ao longo da noite fazia aquele ‘zuuum’, aquele barulho. Não era nada confortável [...]”, Júnior lembra. O freezer emprestado ficava ao lado da cama de Júnior no início do empreendimento Arquivo pessoal Foram cinco meses fazendo a massa de madrugada, assando durante a manhã e vendendo em qualquer brecha de horários que tinham, mas, com o tempo, a rotina parou de funcionar. Júnior, então, trancou a matrícula da faculdade e os dois começaram a "levar mais a sério" o que viria a ser a Baudelaire – nome inspirado em um dos personagens da série de livros "Desventuras em Série". Primeiros passos no empreendedorismo Quando entenderam o potencial do negócio, o primeiro passo dos dois foi abrir um Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) como Microempreendedor Individual (MEI), em 2019. Eles perceberam a necessidade da regularização ao serem questionados, por exemplo, por fornecedores que precisavam do cadastro para a venda de produtos. No mesmo ano, em uma Feira do Microempreendedor, à época realizada com apoio da Prefeitura de Apucarana, os dois conseguiriam expor os cookies e tiveram contato com mais clientes em potencial. Aos trancos e barrancos, vivendo perrengues comuns na vida de microempreendedores, os dois viram nascer a primeira de muitas filas que marcam a história da Baudelaire. Feira do MEI em que Júnior e Giovani venderam os cookies e viram a primeira fila do negócio Arquivo pessoal Tiago Correia da Cunha, consultor do Sebrae, ressalta que a Feira do MEI existe justamente para ser uma ferramenta de acesso direcionado ao mercado para o micro e o pequeno empreendedor. Com ela, empresários também conseguem se posicionar para o público, gerando emprego e renda. Para ser MEI, é necessário que o faturamento anual de R$ 81 mil e um funcionário. O crescimento na renda e no número de pessoas que compõe o negócio permite que o empresário dê mais um passo e mude a categoria para Microempresas (ME). Em 2025, 12.503 empreendedores passaram de MEI para ME, no Paraná, de acordo com o Sebrae. Hoje em dia, o estado possui 910.182 MEIs e 723.582 MEs. Para o consultor do Sebrae, a presença constante no empreendimento é essencial para o sucesso ou fracasso de qualquer modelo de negócio. A tática, segundo ele, ajuda a identificar gargalos no processo produtivo e facilita a tomada de decisões. Entendimento de público, local de funcionamento e modelo de negócio Quando tudo começou a caminhar, situações imprescindíveis para o funcionamento de qualquer negócio se impuseram: eles precisavam entender o público-alvo, onde instalariam uma loja e como trabalhariam. Antes de abrir em Londrina em 2023, a primeira loja física da empresa foi em Apucarana, iniciada com um capital de R$ 29 mil obtidos a partir da venda do carro de um dos sócios. A pandemia da Covid-19 chegou pouco depois e veio a provocação de investir em delivery, que funcionou melhor do que as vendas presenciais. Em 2021, os amigos sentiram que o negócio tinha se consolidado e veio a vontade de expandir para Londrina, uma vez que passaram a receber visitas constantes de moradores da cidade vizinha. Dois anos depois a segunda unidade abriu, mas o retorno não foi imediato e eles só passaram a ter lucro depois de um ano. “A gente esperava ter assim o dobro de Apucarana, pelo menos. E não, a gente tinha a mesma coisa de Apucarana para menos”, Júnior lembra. O 'boom' com as redes sociais Comentários em uma das publicações da Baudelaire no TikTok. Reprodução A guinada mais recente do empreendimento, que o levou aos moldes em que está hoje, veio depois que os empresários passaram a postar vídeos mais trabalhados no TikTok, com imagens enquadrando os cookies. Eles também aproveitavam as "trends" da rede social para surfar na onda de conteúdos que estavam atraindo mais audiência. “E foi quando começou alguns vídeos a viralizarem lá e a ganhar proporções. E muito legal que as pessoas no TikTok se sentiam mais à vontade de fazer reviews da gente, e começou as pessoas a fazerem reviews do cookie mais famoso de Londrina. Eles falam muito isso”, ele recorda. Publicação de 2022 no TikTok mostrando o recheio do cookie. Reprodução A partir disso, tornou-se normal ter novos clientes chegando à loja de Londrina dizendo que resolveram experimentar a sobremesa porque viram as publicações nas redes. Pouco a pouco a demanda aumentou, assim como a quantidade de pessoas que se enfileiram para esperar o atendimento. Algumas, enfrentando quilômetros de rodovia apenas para saciar a vontade. Ana Paula Grittem saiu de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e ficou quase cinco horas na estrada para percorrer os 381 quilômetros até Londrina. Ela decidiu que era hora de conhecer pessoalmente a loja depois de assistir a diversos conteúdos sobre os produtos. Com a companhia de um amigo, Ana saiu de casa ainda durante a madrugada para chegar à Baudelaire no horário de abertura, às 10h. A viagem aconteceu em agosto deste ano. "Ficamos esperando ali na fila uns 45 minutinhos. Os meninos que trabalham lá super receptivos nos trouxeram guarda-sol porque estava dia bem quente, bem de calor [...] Toda a brecha que eu tenho pra chamar alguém pra voltar pra Londrina para comer e experimentar eu tento", Ana brinca. Registro feito por Ana durante a visita à Baudelaire de Londrina. Ana Paula Grittem Mesmo com a compreensão do público, engana-se quem pensa que Júnior e Giovani se orgulham da espera nas filas. Para eles, isso significa que não estão dando conta da demanda. Por isso, a solução tem sido ampliar a cozinha de Apucarana, onde todas as massas são feitas, e aumentar os fornos de Londrina. Os dois adiantaram que, em breve, podem abrir uma nova unidade, mas não revelaram onde. “A gente gosta muito de mostrar para as pessoas. Olha, o cookie é muito bom, tem bastante recheio, mas você vai enfrentar uma fila. Você pode se decepcionar por isso, por aquilo e por aquele outro. Então acho que isso também hoje é o que move esse sucesso”, Júnior considera. “Eu acho que a gente sempre quis fazer um produto muito bacana, um produto que fosse muito real e que agradasse o nosso paladar. Uma vez que agradasse a gente que a gente confiasse naquilo, aí sim, a gente ia trazer para o público”, diz Giovani. VÍDEOS: mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias em g1 Norte e Noroeste.

FONTE: https://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2025/12/01/paranaenses-que-comecaram-a-fazer-cookies-no-quarto-de-casa-vivem-boom-apos-viralizarem-repetidamente-com-recheios-exagerados.ghtml


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