'Minha filha ficou agressiva, aprendeu palavrões e contou que professora bateu a cabeça dela na parede', diz mãe que denunciou maus-tratos em creche no PR
25/10/2025
(Foto: Reprodução) Mães que denunciaram professora por agressão a crianças em CMEI contam o que filhos relata
As mães de crianças que denunciaram uma professora por maus-tratos em uma creche de Castro, nos Campos Gerais do Paraná, relatam que perceberam comportamentos diferentes nos filhos. Segundo elas, as crianças começaram a ficar agressivas, aprenderam palavrões, apresentaram comportamento ‘revoltado’ e não queriam mais ir para a creche. Veja relato das mães no vídeo acima.
Todas as crianças eram alunas do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Padre Lívio Donati e estavam sob a responsabilidade da mesma professora, de 39 anos, que está sendo investigada pela Polícia Civil por maus-tratos.
Como o caso envolve crianças, o processo está em sigilo de Justiça e o nome da professora não foi oficialmente revelado. As mães também não serão identificadas para preservar a identidade das crianças.
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Em entrevista ao g1 e à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, a mãe de uma menina de 3 anos afirmou que decidiu conversar com a criança depois de notar a mudança de comportamento. “Minha filha sempre foi muito tranquila, muito quieta, muito tímida [...] Neste ano, ela não queria ir para o CMEI, apresentava agressividade, aprendeu a falar palavrões que não eram ditos dentro de casa e começou a ficar revoltada, chorava para tudo”, explica
A mulher diz que foi alertada pela mãe de outro aluno de que a filha dela tinha sofrido uma agressão. O aluno contou em casa que a professora teria batido a cabeça da colega na parede.
“Uma das mães me procurou me perguntando como que estava o comportamento da minha filha. Se estava diferente e eu falei que estava [...]. Ela me contou que o filho dela também estava e que o filho dela havia falado que a professora tinha batido a cabeça da minha menina na parede da escola.”
A mãe afirma que, depois de conversar com a filha, a menina confirmou a agressão.
De acordo com a polícia, a investigação apura o crime de maus-tratos contra pelo menos 8 crianças com idades entre 3 e 4 anos. Para denunciar o caso à polícia, os pais fizeram gravações caseiras do momento em que as crianças contavam o que acontecia na creche.
Uma das mães contou que, para gravar as falas da filha, aproveitou um dia de feriado, quando não tinha aula. Ela começou a conversa dizendo que no dia seguinte a menina iria para a creche. Mas a menina, de 3 anos, disse que não queria ir e revelou que a professora a chamou de ‘feiosa'’.
Na conversa, a menina ainda contou que a professora puxou o cabelo dela. “Chegou num certo momento da conversa que ela falou assim: ‘Mamãe, ela puxou meu cabelo. Falei: ‘Puxou teu cabelo? Como assim?’. Ela falou: ‘Puxou assim, ó, bem forte e doeu’", diz a mãe. "Nesse momento eu segurei as lágrimas, eu fiquei muito nervosa”, conta.
Vídeo mostra criança de 3 anos contando aos pais que foi agredida por professora de CMEI
Reprodução
A defesa da professora disse que confia na absolvição da cliente, afirmou que ela nunca agiu de maneira negligente ou agrediu alunos e que isso será demonstrado no decorrer do processo. Segundo a defesa, a cliente foi afastada e, ao fim dos procedimentos do município, retomou a função em outra unidade, mas nesse momento está licenciada do cargo. A defesa afirma ainda que a professora tem sofrido ameaças.
O delegado Marcondes Ribeiro, que investiga o caso, disse que a professora optou por ficar em silêncio durante o interrogatório.
Em nota, a prefeitura de Castro disse que concluiu um Processo Administrativo Disciplinar contra a professora, mas que as informações não podem ser divulgadas porque o procedimento tramitou em sigilo. O município afirmou, também, que aguarda o julgamento de eventual ação penal para avaliar se deve adotar alguma outra medida. Veja a nota na íntegra mais abaixo.
Ao g1, a prefeitura também disse que a servidora chegou a ser suspensa, mas que "após cumprir o prazo determinado pela lei retornou às suas atividades". "Agora, a Prefeitura aguarda a conclusão do processo judicial para saber se novas sanções serão cabíveis e aplicáveis".
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) afirma que o inquérito foi relatado na segunda-feira (20) e será analisado pela Promotoria de Justiça, "que tem prazo de 10 dias para o oferecimento da denúncia, já que a indiciada não está presa, ou indicar a necessidade de realização de diligências imprescindíveis à elucidação dos fatos".
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RELEMBRE O CASO
Na segunda-feira (20), a Polícia Civil de Castro indiciou a professora pelo crime de maus-tratos, agravado pela idade das vítimas.
De acordo com o delegado Marcondes Ribeiro a principal dificuldade do caso é que o CMEI onde as agressões teriam ocorrido não tinha câmeras de segurança.
O inquérito foi aberto após uma mãe registrar um boletim de ocorrência e apresentar um vídeo em que a criança conta aos pais que o que acontecia em sala de aula.
O delegado afirma que ouviu pais de oito crianças com relatos muito parecidos.
“Crime contra a criança que geralmente ocorre sem testemunhas, sem registro de câmeras ou outros meios de comprovação, a palavra da vítima acaba tendo uma especial relevância, mas ela só tem a relevância quando ela é levada em consideração com outros elementos de prova que corroborem aquilo que está sendo alegado. Nessa situação, o relato das crianças aos pais, um corrobora o outro. Porque uma criança relatou que foi agredida. Para outro pai, que nem sabia da existência dessa criança agredida, o filho contou que a professora batia nos alunos, nos amiguinhos e batia no fulano”, afirma o delegado.
O que diz a prefeitura
Veja, abaixo, a nota enviada pela prefeitura de Castro, responsável pelo CMEI onde o caso foi reportado:
"A Prefeitura de Castro informa que acompanha o caso envolvendo a professora mencionada. Como o indiciamento é uma etapa da investigação, a Prefeitura aguarda o julgamento de eventual Ação Penal, para avaliar se deve adotar qualquer outra medida punitiva em relação à servidora, para além do que o Processo Administrativo Disciplinar já determinou. O PAD foi concluído em agosto sendo que as informações não podem ser divulgadas porque o procedimento correu em sigilo. A Prefeitura reitera seu compromisso com a transparência, o respeito às leis e ao devido processo legal".
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