Frio e falta de sol podem provocar transtorno depressivo; veja onde, historicamente, mais chove e esfria no Paraná
11/09/2025
(Foto: Reprodução) Imagem ilustrativa
Sedest
O frio e a falta de sol podem provocar transtornos depressivos em pessoas que moram ou passam muito tempo em locais com estas condições. A informação é da psicóloga Izabela Neves Freitas, especialista em luto e depressão, que afirma que nas regiões onde o tempo é mais frio e mais chuvoso o índice de casos de Transtorno Afetivo Sazonal (TAS) tende a ser maior.
A condição é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um transtorno depressivo, mais frequente no outono e no inverno, e com maior incidência em pessoas que vivem em regiões mais distantes da linha do Equador, onde os dias de inverno são mais curtos e há menos exposição ao sol.
No Paraná, as condições climáticas são diversas, conforme explica o coordenador de operações do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental (Simepar), Marco Jusevicius.
“No Norte do Estado é muito raro ter quatro dias seguidos, por exemplo, com o tempo fechado e chuvoso. Já no Litoral e Região Metropolitana isso não é tão difícil e, às vezes, é possível ter períodos muito maiores do que isso no Sul do Estado, onde também tem dias bem mais frios do que em outras regiões”, afirma.
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A fala do meteorologista é corroborada pelas médias históricas das temperaturas baixas e acumulados de chuva registrados no Paraná.
Mapas elaborados por equipes de monitoramento do governo do estado e enviados ao g1 pelo Simepar mostram que, historicamente, a metade sul do Paraná registra temperaturas mais baixas do que outras regiões, sendo que o frio é destaque no centro-sul. Veja na imagem abaixo.
Médias históricas anuais das temperaturas mínimas do Paraná
Iapar/Mapa cedido pelo Simepar
Áreas mais próximas à divisa com Santa Catarina também estão entre as mais chuvosas, assim como o litoral do Paraná.
Em contrapartida, no extremo norte o total de precipitação costuma ser mais baixo, considerando as médias históricas. Veja no mapa abaixo.
Médias históricas das precipitações anuais registradas no Paraná
Iapar/Mapa cedido pelo Simepar
“Percebo no atendimento clínico, no período chuvoso, as pessoas pedindo mais a consulta online. E muitas das pessoas que vêm presencialmente estão com menor qualidade do estado emocional. [...] A pessoa, por exemplo, vai ter um prejuízo no trabalho, porque não está indo trabalhar, ou vai ganhar peso porque não está indo para a academia, e é aí que a precisamos estar de olho. A tristeza do inverno pode ser comparada com a preguiça. Já a depressão sazonal é realmente a intensidade de não fazer as coisas”, analisa a psicóloga Izabela Neves Freitas.
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A OMS ressalta que a falta de exposição à luz solar pode afetar a produção de neurotransmissores relacionados ao humor e ao sono, levando a alterações emocionais em muitas pessoas.
No caso do Transtorno Afetivo Sazonal, ele está relacionado à influência dos ritmos circadianos (como são chamadas as variações das funções biológicas ao longo de um dia) e ao desequilíbrio dos neurotransmissores no cérebro pela redução da exposição à luz solar.
A psicóloga ressalta que, para melhorar o funcionamento das células do organismo, o ideal é movimentar o corpo e a mente.
“O primeiro passo é o impulso para fazer mais coisas, para amenizar os sintomas, para que o organismo consiga reagir e que não entre no processo depressivo. Por exemplo, a pessoa pode ter bons relacionamentos, fazer amizades, exercício físico, coisas que sejam prazerosas, que deem sensação de satisfação, para suprir a falta que já vai ter do clima, do tempo”, exemplifica a especialista.
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🛏️Manter a regularidade do sono é essencial para manter o organismo equilibrado
A psicóloga Izabela Neves Freitas destaca que manter a regularidade do sono é essencial para manter o ciclo circadiano regulado e prevenir os efeitos do Transtorno Afetivo Sazonal (TAS).
“O tempo cinza leva as pessoas a também dormirem mais. Ou estando em um ambiente fechado, por exemplo, as crianças e os adolescentes ficam mais tempo nas telas. Isso muda o ciclo circadiano da pessoa. A gente precisa dormir de noite e acordar com a luz do dia”, ressalta.
Para quem tem uma rotina diferente e trabalha de madrugada, por exemplo, o mais indicado pela psicóloga é respeitar a quantidade e os horários de sono nos dias em que não estiver de plantão.
“Precisamos ensinar o hábito para o nosso cérebro. Se a pessoa estiver em um plantão noturno, necessita receber a luz do dia pela manhã, mesmo que não tenha dormido. E quando for pra cama, buscar um ambiente escuro e dormir a mesma quantidade de horas que os outros dias”, explica.
Ela também destaca que um ciclo de sono irregular e pouco tempo de exposição solar, além de aumentar os sintomas de TAS, também causam baixa na vitamina D.
“A falta dela, mesmo que seja em proporções pequenas, causa um desânimo e bloqueia também a entrada de outras vitaminas que são importantes para nós, como a vitamina C e a B12. Mesmo com um suplemento vitamínico às vezes fica difícil de suprir, e aí a pessoa pode entrar em um processo depressivo que leve a situações mais graves, que necessitem de medicação”, afirma a psicóloga.
🌥️Paraná tem condições climáticas diversas
O Simepar fez um levantamento que ilustra como as condições climáticas são diferentes do Paraná, de acordo com a região do estado. Não trata-se de um ranking, mas, sim, de exemplos.
De acordo com o órgão, nos 252 dias que se passaram de 1º de janeiro até 3 de setembro de 2025:
Antonina, no litoral, teve 131 dias chuvosos;
Pinhão, na região central, teve 105;
Telêmaco Borba, nos Campos Gerais, teve 100 dias chuvosos;
Curitiba, no leste, teve 97;
Pato Branco, no sudoeste, teve 92 dias chuvosos;
Cascavel, no oeste, teve 89;
Paranavaí, no noroeste, teve 76 dias de chuva;
Maringá, no norte, teve 74.
Em relação ao frio, o Simepar compara que, dentro dos mesmos 252 dias de 2025, enquanto Palmas, no sul do estado, teve 81 dias com temperaturas abaixo de 10°C, em Maringá, no norte, foram apenas 15.
Em Curitiba, o levantamento mostra que a capital registrou menos de 10ºC em 55 dias de 2025, até o início de setembro.
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